Gateway orientation em Miami
Quando
eu escolhi me candidatar para a bolsa de doutorado sanduíche da Fulbright em
parceria com a CAPES minha motivação era essencialmente acadêmica. A principio
eu não conhecia a Fulbright como um dos mais antigos e prestigiados programas
da diplomacia Americana e tampouco tinha uma afinidade cultural em particular
com o país do Tio Sam ou um grande sonho de conhecer o território. O valor da
bolsa era interessante, os Estados Unidos são um país de referência no meu
campo de estudos – que é a Ciência Politica - e eu preenchia todos os requisitos
solicitados para participar do processo seletivo. Imagino que muitos candidatos
possuam essa motivação principal, o que é perfeitamente normal e compreensível.
Treinamento dos "Global Guiders", participantes do programa Global Classroom
Agora,
ao final do meu programa, tenho a convicção de que uma experiência enquanto
Fulbrighter vai muito além da academia, mesmo que sua escolha inicialmente se
baseie nesse critério. Pode parecer clichê ou mesmo propagandístico, mas eu voltarei
para casa muito mais madura. Não só no que se refere a minha pesquisa de
doutorado (aprendi muito e também passei por muitos desafios!) – que na verdade
acho que muitos Fulbrighters retornam com o desejo de terem avançado ainda mais
nesse ponto – mas principalmente voltarei mais madura em termos da minha vida
pessoal, dos meus planos e ações para o futuro.
Encontro com o proprietário da empresa financeira Lion Point
Através
da Fulbright participei de vários eventos além da academia, muitos deles sem
nenhuma conexão direta com o meu tema de pesquisa. E isso foi muito bom! A
Fulbright designa organizações regionais (Fulbright chapters) responsáveis por
organizar atividades e fornecer apoio aos intercambistas. Muitas atividades em
que participei foram organizadas por essa associação, que na região de Nova
York chama-se One to World. Alguns dos exemplos de atividades em que participei
foram: conversas com personalidades importantes (um conselheiro sênior da Morgan
Stanley, um ex-congressista americano e uma presidente de uma das maiores
empresas de comunicação e marketing – a Edelman), momentos casuais de
intercâmbio cultural com uma família americana, durante a celebração do
Thanksgiving; e (meu preferido!) conduzi alguns workshops sobre minha cultura e
sobre temas internacionais em escolhas publicas de Nova York! Realmente inesquecível!
Esse programa se chama Global Classroom e permite que os bolsistas da Fulbright
entrem na sala de aula e estabeleçam uma conexão única com os alunos locais através de
discussões sobre temas globais, como o meio ambiente, os direitos das mulheres ou
conflitos.
Global Classroom no Brooklyn
Além disso tudo, o Instituto de Educação Internacional, que
administra a Fulbright, organiza alguns eventos ao longo do ano para promover o
networking entre os Fulbrighters e ampliar
nosso contato com a cultura americana, através de trabalho voluntário, visitas
a outras cidades e discussões sobre temas relevantes na sociedade dos EUA.
Eu participei do Gateway, uma orientação precedente ao inicio do meu
intercâmbio, que foi em Miami. E também do Enrichment Seminar, um seminário temático
com uma agenda completa e dinâmica, trocas com outros Fulbrighters e visitas, que
aconteceu mais ao final do meu período de intercâmbio.
Enrichment Seminar em Washington, DC
Tudo isso
para dizer que, se eu escolhi a Fulbright por motivos acadêmicos, voltarei ao
Brasil com experiências ricas e diversas que vão muito além da minha pesquisa e
que me abriram horizontes novos, tanto para a minha carreira quanto para minha vida pessoal, em relação ao papel que eu quero desempenhar na nossa sociedade. Vou
voltar motivada e segura de que estou fazendo um bom trabalho, de que estou no
caminho certo e, o mais importante, que nem tudo o que você faz tem que ser sua
pesquisa! As experiências que vivi nos Estados Unidos através da Fulbright abriram minha cabeça e me fizeram ter
outra interpretação sobre liderança, sobre ação e impacto na sociedade civil e também
uma visão muito mais critica e autônoma sobre o mundo. A Fulbright nos conecta
com muitas pessoas brilhantes, especiais e importante ao redor do globo. Também
nos faz compreender que temos um papel em nossas comunidades muito maior do que
nossa pesquisa pode sugerir. Para mim foi uma experiência de muito aprendizado,
conexões, reflexões e criticas. Mas, principalmente, de amadurecimento,
responsabilidade, ambições e sonhos. Estou retornando, mas para mim é apenas o começo!
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