Uma das maiores vantagens de morar
em um país estrangeiro é conhecer as tradições locais que fazem parte do dia a
dia do povo de lá. Nossas experiências como Fulbrighters não são diferentes, já
que durante os 9 meses que passamos nos EUA, temos a oportunidade de vivenciar
diversos costumes americanos. Então, para iniciar o ano de 2017, decidi falar
um pouquinho sobre as festas de fim de ano que tive a oportunidade de participar
aqui no Hawaii.
Como vocês já sabem, o Hawaii, mesmo
fazendo parte do território americano, é um aglomerado de ilhas no meio do oceano
pacifico. Por causa de sua localização, o estado está mais perto da Ásia e da
Oceania do que do próprio país ao qual pertence e isso tem grande influencia na
cultura que permeia por aqui. Apesar dos costumes americanos estarem presentes
no dia a dia Hawaiiano, a cultura asiática (de uma maneira bastante variada) e
a própria cultura do povo do Hawaii prevalecem. Diante disso, as celebrações de
fim de ano são bastante peculiares por aqui.
As festas de fim de ano, de um modo
geral, iniciam nos EUA na terceira quinta-feira do mês de Novembro, quando
acontece o Thanksgiving, ou o Dia de Ação de Graças. Há quem diga que esta é a
maior celebração para os americanos pois carrega um importante significado de
agradecimento pelas “graças” alcançadas. Em todo o país, famílias e amigos(as)
se juntam para uma refeição regada a muita comida e alguns costumes tais como
assistir a jogos de futebol americano na TV. O Thanksgiving do Hawaii foi um
pouquinho diferente para mim. Ainda assim, o principal da festividade se
concretizou: muita, muita comida! Saímos de casa (eu e meu marido que está aqui
morando comigo) às 10 da manhã e seguimos até o apartamento de uma grande amiga
(que a propósito também é brasileira mas já mora há muitos anos nos EUA) para
participar de uma tradição americana chamada Potluck, ou o nosso básico “cada
um traz uma coisinha”. Chegando lá,
encontramos vários(as) amigos(as) que fiz na universidade. Até ai, tudo meio
parecido com o resto dos EUA, né? Só que não! Quase todo mundo que se reuniu na
casa dessa minha amiga é de um país diferente e, conforme esperado, a maioria
asiáticos. Foi uma misturinha básica de Brasil, EUA, Canadá, Japão, Filipinas,
Tailândia e Coréia do Sul. Resultado? Comidas variadas para todos os gostos!
Voltamos para casa as 16:00 da tarde para participar do segundo Thanksgiving do
dia, com a família que moramos. Acontece que, apesar dessa família ser americana,
a mãe tem descendência japonesa. Então, não apenas ela segue tradições
americanas mas sempre inclui um pouquinho do Japão nas comemorações. Dai já
viu, nossa janta teve peru assado com purê de batatas misturado com sushi e
rolinho primavera, e por ai vai. Ah! E sem esquecer de mencionar o sushi
hawaiiano, chamado de musubi, que junta arroz japonês com tender assado. Tudo
uma delicia!
Chegando Dezembro, vem claro, o
Natal <3. Uma das épocas mais encantadoras do ano nos EUA, especialmente
para aqueles estados onde tem muita neve. Fica tudo branquinho, dá pra brincar
de escorregar, fazer boneco de neve, ficar quentinho ao lado da lareira, tudo
lindo e aconchegante demais. E claro, Papai Noel vem arrasando com seu uniforme
vermelho (estilo Coca-Cola) trazer presentes que ficam embaixo da árvore de
natal até a manhã do dia 25. Enquanto isso, no meio do pacifico... as coisas
são um tantinho diferentes. Como na maior parte do Brasil, não tem neve no
Hawaii (a não ser em montanhas mas dai nem conta, né?). Aqui, nem frio fica.
Pra vocês terem uma ideia, estou escrevendo este texto em uma noite de inverno
e a temperatura está 22 graus. Quase uma primavera! Diante disso, algumas
mudanças básicas acontecem no natal Hawaiiano. Papai Noel usa um uniforme mais
curto (ainda estilo Coca-Cola) e um colar Hawaiiano que chamam de Lei (aquele
colar de flores que a gente sempre vê nos filmes). As casas são quase todas
decoradas com luzes e enfeites, como a gente vê com frequência no Brasil. O
interessante é que os enfeites fora das casas não são tão comuns nos estados
mais frios dos EUA porque a neve não permite muita coisa. O pessoal daqui, por
não nevar, abusa nos pisca-pisca e nos bonecos infláveis de natal. E, nada de
Merry Christmas! Feliz Natal em Hawaiiano é Meli Kalikimaka. Aqui em casa, as
celebrações natalinas iniciaram duas semanas antes do Natal. Começou com a mãe
da família enfeitando a casa com o pinheirinho e várias meias de natal na
parede. Várias porque ela, muito querida, fez uma meia para cada morador da
casa (até pra gente!). A tradição é que o Papai Noel coloca pequenos
presentinhos na meia, se você se comportar durante o ano, claro. Se não se
comportar, ganha carvão!!! (o que será que apareceu na meia do Temer e do
Trump...). Ainda na mesma semana, fomos visitar a base aeronaval de Pearl
Harbor. Lá moram vários comandantes e suas famílias e, todo ano, eles abrem
suas casas super enfeitadas para visitação. Lindeza que só! Já a noite do 24
foi bem tranquila, sem muitas comemorações. Isso porque, diferente do Brasil, o
costume por aqui é comemorar o 25. Assim, na manhã de natal abrimos os
presentes (tinha até pra nós <3), tomamos chocolate quente com marshmellows
e no almoço teve peru assado com purê de batatas e salada. Yummy!
Finalmente, terminando o mês de
Dezembro, celebramos o fim de ano! A maioria das festas americanas de fim de
ano acontecem em bares e baladas, sempre regadas a muito champanhe e fogos.
Basicamente o que já vemos pelo Brasil, certo? Bem, não por aqui. O fim de ano
Hawaiiano carrega significado importantíssimo de renovação do espirito de
Aloha. Além de lindos luais e fogos de artificio, há também muita música e
rituais de agradecimentos. No nosso caso, passamos o fim do ano com a família
com quem moramos. Por causa da descendência japonesa da mãe da família, nossas
celebrações tiveram a cara do Japão. O ano novo japonês é celebrado no almoço
do dia 01 de Janeiro e não no jantar do 31 de Dezembro. Porém, como algumas
pessoas da família só podiam se reunir no 31, fizemos a festinha neste dia
mesmo. Decoramos a casa com desenhos e enfeites japonês que simbolizam sorte e
prosperidade. Fizemos comidas japonesas como sushi (eu aprendi a fazer!!!!),
sashimi, Ozoni (que é uma sopa feita com uma farinha especial de arroz chamada
de mochi) e tantas outras que não consegui gravar o nome. Uma das curiosidades
é a tradição do feijão. Cozinha-se feijão preto até secar a água e, durante o
almoço, deve-se pegar a quantidade de grãos correspondente a sua idade, mais um,
e comer para dar sorte.
Bem, essas são as tradições de fim
de ano que vivenciamos aqui no Hawaii. O mais interessante é perceber que cada
família tem seus próprios costumes, então, viver em outro país é uma chance de
conhecer um pouquinho mais sobre a variedade cultural desse lugar. Tenho
certeza que meus colegas Fulbrighters tem diferentes histórias para contar e
essa é a maior riqueza de um intercâmbio como esse: a troca e a diversidade
cultural. Para não perder o costume, desejo a todos um feliz ano novo, ou em bom Hawaiiano, Hau’oli Makahiki Hou!
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