sábado, 17 de setembro de 2016

Nova York: um amor à primeira vista


Sinceramente, é muito difícil não se apaixonar por Nova York! Estou por aqui há um mês e todos os dias tenho uma surpresa agradável pela frente: a estrutura incrível da universidade, cada bairro da cidade mais lindo que o outro; skylines maravilhosas; eventos, festivais e apresentações gratuitas nos parques e espaços públicos; pessoas respeitosas, autênticas e descoladas. Em uma palavra: modernidade! A minha impressão por aqui é essa mesma, de que os Estados Unidos são, de fato, um país moderno, onde o indivíduo é respeitado em todas as suas formas, onde a liberdade individual é um princípio fundamental e consolidado; e onde a grande maioria das coisas existe por pura utilidade prática! As coisas funcionam! Tudo é rápido e prático, acessível, útil. 



Para começar, New York City é uma das únicas cidades no mundo onde o metrô funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana. O território é constituído por ilhas, mas é completamente interligado pelo transporte público. Ok, Nova York não é necessariamente representativa dos Estados Unidos, por isso, as minhas impressões ficam restritas à big apple, aprecie com moderações!

Além do transporte público, fiquei impressionada com a estrutura e a qualidade da universidade que está me recebendo como Visiting Academic: a New York University. Uma das bibliotecas da NYU tem nada menos do que 12 andares, mais de 12.000 exemplares, além de coleções impressionantes de periódicos acadêmicos, bases de dados, documentos governamentais, arquivos históricos, mídias, livros online e softwares. Alguns andares dessa que é uma das maiores bibliotecas de pesquisa do país podem ser acessados pelos alunos durante 24 horas ao dia. Ademais, a instituição oferece softwares gratuitos (como o ArcGIS, Stata, SPSS, etc), cursos sobre como utilizar essas e outras ferramentas, tutoriais, guias e profissionais prontos para auxiliar em pesquisas e bases de dados específicas: amazing! O prédio dispõe de várias salas –individuais e coletivas – de estudo, computadores e laptops disponíveis para empréstimo e equipamento de impressão, digitalização e mídia. Até mesmo um estúdio de música tem ali dentro! Incrível, né? Também achei muito interessante o fato de a biblioteca da NYU participar de um Consórcio com outras bibliotecas, dentre elas a New School, a Universidade de Columbia e a Cooper Union. Isso significa que os alunos da NYU podem acessar a biblioteca e o material dessas outras universidades e vice-versa.


Nessas horas fica evidente como é difícil um acadêmico brasileiro competir com um pesquisador norte-americano. Tudo bem que o modelo de educação é bastante diferente: nos Estados Unidos tudo se paga e, para ter acesso a uma educação superior do nível da NYU se paga muito caro! Mas, sinceramente, o preço vale. Além da estrutura de pesquisa gigantesca, de todas as ferramentas disponíveis ao estudante, os professores costumam transitar entre o mercado de trabalho e a academia – o que lhes garante uma experiência prática e uma contribuição para além dos muros da universidade invejáveis. Claro, de uma forma geral, a pesquisa e o conhecimento são extremamente reconhecidos, valorizados e recompensados. A universidade não se resume às aulas: tem sempre alguma coisa interessante acontecendo por ai. Que seja um debate sobre as eleições presidenciais, uma exposição de arte ou a exibição de um documentário, a vida acadêmica é dinâmica e interdisciplinar. As oportunidades são simplesmente incríveis! A instituição oferece inúmeros clubes temáticos, estrutura esportiva, salas de espetáculos, cultura, oportunidades de voluntariado, grupos de conversação em língua estrangeira, plataforma de carreiras e ofertas de trabalho, palestras, etc, etc, etc!



A segurança tem sido outro ponto forte de Nova York, na minha opinião. A maioria dos bairros é bastante tranquila à noite, o comércio funciona até tarde, é raro não encontrar outras pessoas na rua e pode-se pegar o metrô ou caminhar nas principais avenidas sem nenhum problema. De forma geral, sinto-me muito segura como uma mulher em uma cidade grande. Não senti medo em nenhum momento até agora, não passei por situações de constrangimento ou desconforto. As mulheres podem sair com a roupa que quiserem e não é por isso que vão infernizá-las por ai. Outra história... 

A diversidade é outro aspecto que me chamou muita atenção aqui em NYC. Tem gente de todos os cantos do mundo, das mais variadas culturas, religiões, etnias, origens. É realmente um melting pot! Ainda que existam bairros onde uma determinada comunidade é predominante, é tudo muito misturado. Em uma sala de aula pode-se facilmente ter 80% dos alunos vindos de países que não os Estados Unidos. A minha impressão é de que a diferença é algo valorizado e não algo que deva ser anulado ou escondido. 

Contudo, apesar de ser a cidade mais populosa dos Estados Unidos, com número de habitantes superior a 8 milhões, uma área de mais de 1.000 km² e um dos maiores centros internacionais, financeiros, culturais e políticos do mundo, Nova York sabe nos fazer sentir em casa como nenhuma outra cidade que eu já vivi! Primeiro, pela própria diversidade que é formadora desse lugar. Não importa de onde você veio, ou para onde você vai. Não importa o seu sotaque quando você fala inglês. Nova York vai recebê-lo como poucas cidades no mundo, vai recebê-lo como uma peça única e fazê-lo se sentir parte da engrenagem que mobiliza esse lugar. Segundo, porque mesmo que a cidade seja bem grande e movimentada, cada neighborhood tem suas características muito próprias, sua comunidade, seu comércio, seu estilo e seu cotidiano mais restrito. Isso faz com que o bairro seja equivalente a uma pequena cidade, na verdade, com toda a tranquilidade e a mobilidade de uma localidade do interior. Terceiro, porque Nova York é feita de indivíduos únicos, autênticos e livres, que se permitem viver das mais variadas formas, sem serem julgados, sem julgarem os outros. Indivíduos que se descobrem no meio da multidão, que se permitem viver da maneira como bem entenderem, mudar, permanecer, sentir, se expressar, criar, inovar, curtir... enfim, viver... Ainda que tenham total consciência da coletividade, da vida em comunidade e do respeito ao bem público. Essas e outras coisas fazem de Nova York uma das cidades mais impressionantes e queridas do mundo! É realmente muito difícil não amar esse lugar...

Um comentário:

  1. Muito bacana Aline! O texto ficou show! Não duvido que NY seja mesmo "...a concrete jungle where dreams are made of"

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